Espírito Santo, como as brincadeiras de reis de boi, o ticumbi (ou bailes dos congos) e o jongo – este último presente no documentário “Disque Quilombola”.
O jongo é uma brincadeira que mistura dança e cantoria. As mulheres dançam rodando as saias, os homens tocam tambores e casacas.
“Nosso povo antigo falava que os escravos brincavam o jongo quando os senhores estavam nos banquetes. Como não podiam participar, eles cá faziam a brincadeira”, diz Sebastião do Nascimento, o Seu Bibi.
Em São Cristóvão, comunidade quilombola onde mora Seu Bibi, o jongo é batizado com nome de santo. Foi numa promessa a santo Antônio que o tio de Seu Bibi criou o jongo de lá. Então, em todo dia 13/6, ele fazia uma festança. O povo cantava e dançava noite adentro.
Um dia o tio morreu e o jongo ficou esquecido, perdido entre as lembranças. Mas, de uns anos para cá, os mais velhos estão resgatando a tradição e até as crianças caem na brincadeira. É um jeito de essa história nunca ter fim.
São muitos os versos das canções dos jongueiros. Conheça alguns deles:
“Ô, nesta estrada tem poeira
O carro é vem na ladeira
Tem poeira, tem poeira
O carro é vem na ladeira”
“Minha mãe bateu com machucador
Mas eu não sou pimenta
Minha mãe me machucou”
As crianças da comunidade São Cristóvão têm o seu próprio grupo de jongo. Eles passam dias, meses, anos, assistindo a seus pais, tios e avós dançando e cantando as toadas de jongo. Cantam e dançam junto, rodeando os adultos sem atrapalhar os esquemas dos seus pais, estão aprendendo a sua própria maneira de como tocar, dançar e cantar. É interessante perceber como o aprendizado de manifestações populares acontece sem existir aulas, explicações,
ou demonstrações didáticas de passos, versos ou toques de tambor. Ali aprende-se vendo, ouvindo e fazendo. Aprende-se através dos sentidos. Talvez por isso mesmo que dizemos que esses saberes fazem sentido para a criança, afinal estão vindo através dos sentidos.